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“Há um movimento no sentido de revisitar a estratégia de atuação social”, afirma gerente do Instituto Gerdau

Sustentabilidade foi tema do Benchmarking do Investimento Social Corporativo (BISC), em 2018 – liderada pela Comunitas, a pesquisa acompanha, qualifica e amplia os impactos dos investimentos sociais de empresas parceiras. Os resultados apresentados são, mais uma vez, animadores. Todas as empresas do grupo indicam que os compromissos com o desenvolvimento sustentável estão formalmente inseridos na cultura e na estratégia da organização, e que eles agregam uma nova dimensão aos investimentos sociais do grupo.

Para abordar a relação entre sustentabilidade e investimento social corporativo, o Bate-Bola convidou Paulo Boneff, gerente do Instituto Gerdau – organização parceira do BISC.

 

Como os investimentos sociais se inserem na política de sustentabilidade corporativa? E quais as vantagens desse alinhamento?

Há um movimento de algumas organizações no sentido de revisitar a estratégia de atuação social, buscando maior proximidade da pauta social com o negócio da empresa. Acredito que parte desse movimento é consequência do cenário econômico incerto que estamos vivendo há alguns anos no país. As empresas ajustaram o volume de investimento social, conforme os resultados do negócio, assim como demais investimentos da organização (ex: P&D, marketing, desenvolvimento organizacional, entre outros).

A partir desse contexto desafiador, as lideranças envolvidas com o tema social aprofundaram o debate da relevância de se ter engajamento no tema. Como parte dessa revisão de estratégia, foi possível identificar o fortalecimento do diálogo sobre temas sociais e ambientais na pauta de alguns stakeholders, como mercado de capitais, a exemplo dos indicadores ESG e clientes, como corporações multinacionais. Esses dois pontos evidenciam benefícios claros para a Gerdau junto a públicos de interesse fundamentais para a perenidade do negócio.

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E quais os desafios enfrentados para conseguir inserir os investimentos sociais na política de sustentabilidade?

Entendo que o investimento social é parte indiscutível da estratégia de sustentabilidade, bem como investimentos em temas ambientais. Em organizações onde o tema já possui um nível de maturidade, o desafio encontra-se mais no volume de investimento e como ele acontece, levando em consideração aspectos foco, público e região. No entanto, aumentar o volume de recursos não significa, obrigatoriamente, ampliar o impacto social. Para que, de fato, tenhamos um investimento de qualidade, é necessário que haja transformação social em determinado território e esse é um dos principais desafios das organizações.

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Uma empresa com uma forte política de sustentabilidade consegue mais competitividade no mercado?

Tenho convicção de que uma empresa com atuação séria e estruturada no que diz respeito à sustentabilidade tem um diferencial competitivo. Todavia, quando se tem apenas políticas nesse sentido sem que, de fato, tenha-se alguma atuação consistente não há ganho competitivo e nem reputacional.

É fundamental ter um discurso conectado com a prática, com os valores e com o propósito da empresa. Sendo assim, é importante fazer-se alguns questionamentos como: qual o legado ela quer deixar na sociedade? Como quer ser lembrada?

Na minha opinião, a melhor forma de gerar credibilidade para o seu trabalho não é por meio de um discurso próprio, mas sim, por meio da fala dos públicos impactados por alguma ação desenvolvida pela sua empresa. Se um jovem beneficiado por uma iniciativa educacional, por exemplo, compartilhar a sua história e o como o projeto contribuiu para a vida dele, você pode ter certeza que o impacto em termos de reputação e marca será sempre maior, tornando-se verdadeiramente um diferencial competitivo.

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Como é feita uma boa gestão das políticas de sustentabilidade de uma empresa?

Creio que a gestão passa por, pelo menos, três pontos distintos: estratégia, liderança e indicadores. Para se ter gestão é importante que o tema esteja na pauta da empresa (estratégia), bem como na pauta das lideranças e/ou tomadores de decisão. Por fim, é preciso haver medição, garantindo assim que a estratégia definida pela liderança está sendo implementada de forma exitosa.

 

 

O alinhamento, também, às políticas públicas poderia potencializar os investimentos sociais corporativos?

Esse ponto é fundamental, a começar pelo alinhamento aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. Assim como as políticas públicas dos países devem estar conectadas aos ODS, acredito eu que os investimentos sociais privados deveriam seguir o mesmo caminho.

Com esse alinhamento, fica mais viável a criação de parcerias e coalizões na busca de soluções para os desafios sociais. Minha percepção é que o investimento social, quando realizado em conjunto com atores públicos, privados e da sociedade civil organizada tem maior probabilidade de sucesso e de ter maior número de beneficiados.

 

 

Quais os principais desafios para as áreas de sustentabilidade nos próximos anos?

As mudanças no mundo em que vivemos estão ocorrendo de forma mais rápida, o chamado mundo VUCA, em português VICA (volátil, incerto, complexo e ambíguo). Além disto, temos o dinamismo dos meios de comunicação. Novos temas e movimentos surgem a todo instante e geram impactos na forma como as empresas realizam seus negócios. O desafio é como se adaptar e/ou agir perante a essas mudanças, visto que a previsibilidade está cada vez mais difícil.

Alguns movimentos oriundos deste novo contexto de sociedade, já fazem parte do cenário brasileiro, como Sistema B (B Corps) e o Capitalismo Consciente. Mais do que o processo natural dos stakeholders externos provocando essas pautas, devemos pensar como nossas organizações podem estar envolvidas nesses debates e avaliar quais representam oportunidades de inovar e tornar as empresas mais sustentáveis.

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Qual o papel da Gerdau no desenvolvimento social do país? E o que a empresa anda fazendo para isso?

A Gerdau tem um compromisso com o desenvolvimento social do paíspor ser uma empresa nacional e por acreditar que, junto com outros atores do setor público, privado e organizações da sociedade civil, pode gerar transformações sociais relevantes para o Brasil.

Nossa atuação social é focada no empreendedorismo. Empreender faz parte da história e do DNA da Gerdau e é uma das principais alavancas para empoderar pessoas que constroem o futuro, o novo propósito da empresa.

A Gerdau acredita que o empreendedorismo desperta, canaliza e impulsiona a capacidade das pessoas comprometidas com a transformação social. Por isso, a Gerdau dedica esforços para estimular, capacitar e potencializar iniciativas para a transformação social nas áreas de educação, habitação e reciclagem. Por meio de seu Instituto, a Gerdau, desenvolve e apoia projetos de alcance nacional, nas comunidades onde está presente e em sua cadeia de negócio.

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