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Em Pelotas, programa que prepara famílias para educarem sem violência torna-se política pública

Programa que prepara famílias para educarem sem violência torna-se política pública. O ACT é uma das apostas do Pacto Pelotas pela Paz, iniciativa realizada pela Prefeitura de Pelotas com apoio do Programa Juntos.

Prefeita oficializou colaboração entre o Município e a Associação Americana de Psicologia, nesta terça. Cidade é a primeira do mundo a instituir o ACT na rede municipal.

Pelotas é a primeira cidade do mundo a implantar o programa psicosocioeducativo ACT – Criando Crianças em Ambientes Seguros como política pública municipal. A prefeita Paula Mascarenhas oficializou a colaboração com a Associação Americana de Psicologia (AAP), nesta terça-feira (28), com a idealizadora da iniciativa – presente em 13 países, como Japão, Grécia e Croácia –, Júlia Maria da Silva.

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O ACT é uma das apostas do Pacto Pelotas pela Paz para reduzir os índices criminais investindo na prevenção da violência. Neste caso, o programa volta-se à capacitação de pais, mães e cuidadores a um ‘educar’ distante de qualquer violência, valorizando os bons exemplos e impactando no fortalecimento de vínculos familiares. Para Júlia, psicóloga paulista e membro da AAP há 21 anos, nos Estados Unidos, o Município é uma referência para o mundo.

“O que está sendo feito aqui é extraordinário. A Prefeitura de Pelotas, hoje, torna-se exemplo para o Brasil e outros países. O município está cumprindo o que preconiza o ACT”, ressaltou.

A psicóloga cumpre agenda intensa de compromissos na cidade até sexta, especialmente, participando das sessões e conversando com as mães e pais envolvidos na técnica. Nesta quarta, Júlia palestra no 2º Fórum de Segurança Pública, a partir das 10h20min, na UCPel.

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“Bastou ir em um encontro para saber que estávamos no caminho certo. Saí de lá emocionada e estarrecida em ver a sua capacidade de mudar as pessoas através do afeto, da valorização humana, do diálogo e do entendimento. Se conseguirmos fortalecer o ACT no sistema público de ensino, meu mandato estará justificado”, apontou Paula.

Trabalho perene

A chefe do Executivo lembrou que a iniciativa é fruto de ciência, evidências e estudo de impactos, o que reflete na efetividade dos resultados. Também defendeu a ideia de capacitar, sobretudo, os servidores de carreira para o método (atualmente existem 14 facilitadores na rede de ensino), com vistas a dar continuidade ao trabalho.

“Nós estamos aqui de passagem, os funcionários públicos, não. Queremos que o ACT, assim como o Pacto, transcenda esta gestão e seja apropriado pela sociedade, a fim de que todos compreendam a importância de construir, coletivamente, a cultura da paz”, sustentou Paula.

Júlia indicou a mobilização do Município como um dos pontos positivos. “São poucos os governos que acreditam no impacto da prevenção à violência. A atuação em rede é essencial”, frisou. Em Pelotas, a iniciativa encontrou apoio na Secretaria de Educação e Desporto (Smed), que a incluiu em seu orçamento anual, capacitou servidores e, atualmente, é responsável pela aplicação da técnica em 12 escolas de Educação Infantil e dois centros de Assistência Social, chegando a 95 famílias.

“O que queremos é levar o ACT para toda a rede de ensino, e esse documento garante que isso possa acontecer”, afirmou o secretário da Smed, Artur Corrêa.

Reflexo nos lares pelotenses

O desejo de ampliar a iniciativa é baseado, principalmente, na resposta dada pelos pais que passam pelo ACT. Entre os relatos positivos, o de Vânia e Luis Gustavo, pais do Isaque, 2 anos. “O programa nos ensinou muito, inclusive, para melhorarmos a relação com nossos filhos mais velhos. Queria que todos os pais tivessem acesso a ele”, disse Vânia.

Airton Marino, pai do Vicente, 3, é uma das outras figuras masculinas presentes nas sessões em Pelotas – uma novidade deste ano, explicou a coordenadora do ACT, Alicéia Ceciliano, que defendeu a importância da presença paterna no processo educativo.

“Foi ótimo trocar experiências com outras famílias e entender que os erros fazem parte, e que é a partir deles que aprendemos a ser pais melhores”, contou Marino.

Encontro com as famílias

Nesta manhã, Júlia acompanhou uma das sessões em andamento no Creas Cruzeiro e assegurou às mães aspectos que considera fundamentais para o desenvolvimento infantil, como reconhecer comportamentos corretos, elogiar ações positivas e dar bons exemplos. “Nunca percam a esperança nos filhos de vocês. O ACT é para fortalecer essa fé e lembrá-las de que com diálogo, carinho e amor, as coisas vão dar certo”, disse a psicóloga.

Estiveram presentes na assinatura do termo de colaboração os secretários de Cultura, Giorgio Ronna, e de Saúde, Leandro Thurow; o coordenador do Pacto, Samuel Ongaratto; e a representante do Instituto Cidades Seguras – responsável por articular a implantação da ferramenta em Pelotas, com o apoio da Comunitas –,Tâmara Soares.

O que é o ACT?

O ACT e o Conte Comigo – metodologia socioemocional que aposta no compartilhamento de livros para fortalecer vínculos afetivos – foram introduzidos em Pelotas a partir do Estudo Piá, em julho de 2018 (fruto da parceria entre a Prefeitura e o Centro de Epidemiologia da UFPel). A pesquisa, sob responsabilidade do professor e doutor em Criminologia pela Universidade de Cambridge, Joseph Murray, consiste em monitorar a aplicação das práticas e avaliar seus resultados.

Durante nove semanas, o ACT utiliza-se de discussões e dinâmicas para elucidar maneiras de reagir de forma positiva às dificuldades emocionais e sentimentos aversivos das crianças. A ideia é preparar mães, pais e cuidadores para relacionarem-se de forma mais saudável com as crianças e construírem ambientes mais seguros e livres da violência.

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Com informações da Prefeitura de Pelotas.

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