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Bolsista da Comunitas é destaque no jornal Folha de São Paulo

O mercado de cursos a distância não está restrito a instituições brasileiras. Universidades estrangeiras têm investido em mestrados profissionais e MBAs, misturando videoaulas e outras atividades com imersões de duas a cinco semanas no campus principal, no exterior.

Além da tecnologia que permita o acesso ao curso em qualquer lugar, o desafio é oferecer metodologias pedagógicas que resolvam um dos principais problemas do modelo: o pouco contato do aluno com professores e colegas, segundo José Manuel Moran, especialista em educação e professor aposentado da USP (Universidade de São Paulo).

“Deve-se criar um modelo mais participativo, com trabalhos em grupo e debates de estudos de caso nas aulas. A maioria das instituições ainda se fia em videoaulas e chats, que não estimulam essa proximidade”, afirma.

A Universidade de Columbia, com sede em Nova York (EUA), é uma das que miram o Brasil: em 2015, criou um mestrado profissional remoto em administração pública.

Em paralelo às videoaulas, há encontros uma vez por mês, no polo da universidade no Rio de Janeiro, que focam uma abordagem mais prática, com debates de casos reais, como na maioria das escolas norte-americanas. O programa também conta com módulos nos EUA -tudo é ministrado em inglês.

A cientista social Clarissa Malinverni, 29, que fez o mestrado de Columbia, se surpreendeu com o método. “Foi um contraponto à forte formação teórica que recebi na graduação, na USP”, conta. “Mas, mesmo com as aulas no Rio, senti falta de ter mais contato com os colegas.”

A engenheira ambiental Juliana Cardoso, 28, diz que, sem uma parte presencial, o curso em Columbia não valeria a pena. “Acho fundamental viver a experiência da universidade em Nova York, com toda a rede de alunos e estrutura que ela oferece”, diz.

Para estreitar o relacionamento, os alunos do Global MBA da espanhola IE Business School criam grupos em um aplicativo de mensagens, onde trocam referências e discutem os temas da aula.

O advogado e ex-aluno Antonio Peres Junior, 46, conta que isso ajudou a fazer amizade com os colegas. “No modelo convencional, quando a aula acaba, não penso mais na matéria. Mas passávamos o dia trocando mensagens. Foi vantajoso porque os outros alunos me estimulavam a participar, trocar ideias.”

Esse tipo de curso é destinado a quem já tem anos no mercado e não pode deixar o país por tanto tempo, diz Daniela Mendez, diretora da IE no Brasil. Para que os alunos conheçam o campus, há pelo menos um módulo na sede, com carga mais pesada -por exemplo, uma matéria de um semestre é feita em um ou dois meses.

Para o futuro, o presidente de Relações Internacionais da Abed (Associação Brasileira de Educação a Distância), Stavros Xantophoylos, aposta no surgimento de cursos multi-institucionais, com parcerias entre escolas brasileiras e estrangeiras.

“Além das aulas on-line e do módulo presencial, as escolas podem viabilizar estágios curtos dos brasileiros no exterior e de estrangeiros no Brasil, que estimulem um networking internacional.”

O Ministério da Educação não impede a criação de pós-graduações “lato sensu”, como MBAs e mestrados profissionais, de instituições estrangeiras.

Mas, para formar os alunos sem a necessidade de revalidação do diploma, as universidades devem se credenciar junto à pasta.

Do contrário, é como se o aluno tivesse feito todo o curso fora. No caso das duas escolas, por exemplo, é preciso pedir equivalência.

Postado originalmente no jornal Folha de São Paulo. Faça o download da matéria clicando aqui.

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